Emigração da família Giesteira para o Brasil

Na década de 1950, a Família Giesteira vivia em Póvoa Varzim, cidade portuguesa no distrito do Porto, e era formada pelo pai, José Martins Giesteira, a mãe, Luzia Gomes Moreira, e quatro filhos.

Os seis viviam em situação de pobreza na pequena cidade, dependentes de uma lavoura cuja produção era insuficiente para alimentar suas bocas. Por volta de 1954 José concluiu que não poderiam esperar a sorte e decidiu ir para o Brasil, que vivia um período de economia efervescente e sempre foi receptivo aos portugueses.

A ideia inicial era que José fosse sozinho para encontrar trabalho e moradia, mas a família decidiu que todos iriam juntos. Muitas pessoas foram contra esse plano, inclusive a avó das crianças, que chegou a pedir para a matriarca deixar um de seus filhos com ela. “Onde eu estiver eles estarão, onde eu comer eles comerão, onde eu morrer eles morrerão” foi sua resposta.

Sem previsão de retorno, eles atracaram no Porto de Santos em 1955, fixando moradia na cidade de São Paulo. O começo foi difícil, com os seis dividindo um pequeno cômodo e dormindo em duas camas de casal. As refeições eram preparadas no próprio quarto por falta de espaço em um pequeno fogareiro, e o dinheiro custou a começar a entrar.

As coisas começaram a se ajeitar quando o patriarca foi trabalhar com limpeza em uma agência bancária. Os dias ruins ficaram para trás e a ida para o Brasil se mostrou a melhor decisão para o futuro dos Giesteira.


Homenagem

O primogênito do casal, Manuel Giesteira, chegou ao Brasil com apenas 11 anos. Por ter consciência da situação da família ingressou no Seminário dos Padres Salesianos, onde encontrou os estudos e uma forma de sustento, além de desenvolver o desejo de ajudar os pais, os irmãos e os menos favorecidos em geral.

Aos 14 anos, começou a trabalhar na mesma agência bancária onde o pai fazia faxina. Se formou em Direito com 22 anos e trabalhou durante toda a vida como advogado, professor e empresário, além de atuar por diversas causas sociais, como a criação do Instituto Manuel Moreira Giesteira de Promoção Humanitária para apoiar as crianças da favela de Cabuço, em São Paulo.

Manuel nunca esqueceu suas raízes e visitava Póvoa de Varzim sempre que podia na intenção de rever a família e os amigos. O desejo de homenagear seus pais e todos os emigrantes Poveiros sempre existiu, mas foi em 1995, quando tomou a decisão de se aposentar, que o plano começou a tomar forma.


O monumento ao emigrante

O local escolhido foi o Monte de São Félix, na Freguesia de Laundos, que à época estava em situação de abandono e exigiria um projeto de urbanização completo para receber o monumento.

O projeto de restauração do Monte incluía sete patamares com duas capelas por patamar, representando a via sacra de Jesus Cristo, dois jardins laterais ao longo do percurso, que ostentavam as bandeiras do Brasil e de Portugal, e uma plataforma de sustentação do Monumento, com acesso por 328 degraus. Na extremidade da escadaria, foi construído um belíssimo miradouro com vista para a cidade. O marco fica sob esse miradouro e é simbolizado pela família Giesteira caminhando na rampa de um navio em direção a um novo mundo.

A obra leva 100 toneladas de granito e 1.200 quilos de bronze e foi inaugurada em 5 de Setembro de 1998, após dois anos de construção, em uma festa que reuniu 20 mil pessoas e contou com a presença da cantora Dulce Pontes, danças típicas portuguesas e espetacular queima de fogos.

Tudo vale a pena quando se trata de concretizar um sonho de uma vida de sacrifício e trabalho, como é a de todo o emigrante”, foram as palavras de Manuel no dia da inauguração.

Na base do Monumento encontra-se uma placa que resume a homenagem: “Aos filhos desta Terra que foram, lutaram e voltaram, e aqueles que foram, lutaram e não voltaram, mas deles não esqueceremos!

Antes e Depois

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